Um novo dia começou. Como as coisas devem ser. A cama bagunçada, os olhos um pouco inchados e a claridade lá de fora teimando em entrar pelo vão da janela. O celular despertará dentro de alguns minutos, sei disso, já virou costume. Agora é levantar, balançar a poeira e começar de vento em popa. O café e o pão já não tem o mesmo gosto, o açúcar já não adoça o suficiente, a sede é insaciável, a fome não vem mais ao corpo a alguns dias. Espero que o banho resolva um pouco dessa estranheza... Não foi dessa vez. A água bate no coco da cabeça e parece agulhas finas e travessas entrando pelas fissuras cranianas. O sabonete não faz mais espuma, o xampu mais parece secreção de um Troll e os pés descalços fazem com que o frio do piso adentre pelas solas. O café já esfriou, o açúcar derreteu, o pão secou e a fome não veio. ...